Nem sempre em lágrimas, nem sempre em prantos, nem sempre aos berros, nem sempre contido, mas também tudo isso que não é sempre: nem sempre triste! “Em defesa do meu direito de ser triste”.
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Esta frase é do psiquiatra Oswaldo Di Loreto. Uma figura que quando se apresentou a mim, fez pensar muito e viver até hoje as ressonâncias deste encontro.
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Ser triste não é ser; é se reconhecer. Tenho cada dia mais pensado sobre a necessidade de abrir portas e deixar emergir o que aparece. Não como uma loucura disruptiva com a realidade: mas como uma necessidade de se ver, verdadeiramente, no mundo, com olhar de criança, original, que permite aparecer o medo e a coragem como possibilidades amigas.
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Sem muito dizer, compartilho aquilo de mais precioso que Loreto nos apresenta: a revelação de quem somos verdadeiramente com a simplicidade de quem por hora sente mais que pensa.
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“Sou muito agradecido à mãe natureza por ter me dado minha tristeza. É ela que me poupa de, alegremente, comemorar a perda de um amigo ou a perda dos dedos da mão. Ou ficar indiferente a isso. Bendita tristeza que não me permite ser absurdo em relação a tudo que me acontece vindo de externo a mim. Sou também grato a ela por me permitir ter um estado de espírito adequado à perda de ilusões. É muito aliviante poder estar triste quando constato não possuir, realisticamente, as virtudes que, ilusoriamente, eu me atribuía. Um fardo inútil que se deixa de carregar. E também, menor flagelação quando não correspondo às virtudes que não tenho. (…) Estou defendendo que a tristeza, apesar de dolorosa, é uma capacidade humana necessária, boa. E não, como habitualmente se acredita que, por ser dolorosa, é ruim. Ela é, mesmo, uma das mais infinitas variações da realidade externa ou à relação de cada um consigo mesmo. Numa palavra, permite adaptação.”
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Deixa entrar! A voz do corpo também é voz e precisa bradar: há algo a ser dito! Te digo por que sinto e também triste me escuto. O risco é se encontrar.
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