Este nome difícil de pronunciar e traduzir, nos conduz a Psicologia da Gestalt que é bastante difundida para além da Psicologia mas que não é similar à Gestalt-terapia. Em alemão, Gestalt significa “forma”, “configuração” ou “disposição”. Ou seja, partimos do princípio de que aquilo que nos interessa como terapeutas é o que uma gestalt (uma situação ali disposta) pode evocar: uma forma estruturada, inteira, significativa com a potencia de fazer emergir múltiplos sentidos e significados.

A Gestalt-terapia trata-se de uma abordagem terapêutica ancorada nos princípios da psicologia humanista fenomenológica e existencial: a relação e o contato são o centro do processo. 

Esta abordagem, que pode ser pensada como uma estética relacional, apoia particularmente a autonomia, a responsabilidade e a criatividade. Enfatiza a consciência do processo em andamento, no aqui e agora de cada situação, e reativa, mediado pelo contato, o sensorial e o emocional, muitas vezes censurados por nossa cultura. 

Desenvolve uma perspectiva unificada e coerente do ser humano, com suas principais dimensões: física, afetiva, cognitiva, social e espiritual. Não limitando o indivíduo a uma concepção individualista, a Gestalt-terapia estabelece que não podemos ignorar o ambiente em que nos encontramos, tudo aquilo que mobilizamos está impregnado do mundo que vivemos. Promove um contato autêntico com os outros, um ajustamento criativo no mundo, bem como uma consciência das disfunções anacrônicas que levam a condutas repetitivas. Permite a identificação de processos de bloqueio ou interrupção no ciclo de contato, inibições, evitações e ilusões persistentes.

Em vez de explicar as origens de nossas dores ou os “porquês”, a Gestalt-terapia se propõe a experimentar soluções vindouras nascidas a partir do contato consigo e com a situação que se apresenta. A construção dos significados se mostra a partir do experimentar-se: o mobilizador da mudança.

Texto: Wilson Luis