Situações traumáticas são vivências que ultrapassam a capacidade da pessoa ou de um grupo de assimilá-las, permanecendo como gestalten interrompidas. Isso provoca impactos fisiológicos, emocionais e cognitivos, afetando profundamente a relação entre organismo e meio.
Na abordagem gestáltica, buscamos conduzir nosso cliente do simples relato para o contato direto com a experiência. Esse caminho, quando se trata de lidar com traumas, exige extremo cuidado: há o risco de, sem intenção, reativar a dor em vez de promover a restauração das situações inacabadas.
Trabalhar com essa dimensão — que vai do acolhimento individual às questões coletivas — implica oferecer um espaço seguro, onde seja possível começar a desativar as memórias que ficaram impressas no corpo. É nesse ambiente protegido que a pessoa encontra forças para seguir, mesmo quando o horizonte de futuro parece ter desaparecido.
Lidar com experiências traumáticas nos desafia a confiar na capacidade humana de autorregulação, mesmo em contextos adversos, mantendo viva a esperança e a fé na recuperação.
Essa proposta ganha ainda mais profundidade na condução da experiente facilitadora Lika Queiroz, profissional reconhecida por sua sensibilidade e vasta trajetória no campo da Gestalt-terapia. Com uma escuta atenta e presença acolhedora, Lika integra saber técnico e humano, criando condições para que cada participante possa se sentir amparado no delicado processo de contato com suas vivências e na construção de novos caminhos de cura.
O objetivo deste curso é oferecer uma base teórica consistente sobre os processos traumáticos, aliada ao desenvolvimento de uma postura ética, de habilidades terapêuticas e do domínio de recursos técnicos essenciais ao Gestalt-terapeuta para atuar de forma eficaz em contextos de trauma. Essa meta será alcançada por meio do engajamento teórico e vivencial de cada participante ao longo deste encontro.
Lika Queiroz (Maria Alice Queiroz de Brito) é psicóloga, gestalt-terapeuta, mestre em Psicologia Social (UFBA), especialista em Psicologia Clínica (CFP). Professora aposentada do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, onde supervisionava estágio com o enfoque de Intervenções de Curta Duração nas áreas clínica, clínica ampliada e hospitalar na Abordagem Gestáltica. Membro do corpo docente de cursos de pós graduação Lato Sensu e formação em Gestalt-terapia em vários Institutos do Brasil. Co-criadora do Instituto de Gestalt-terapia da Bahia.
Possui Formação em Gestalt Terapia com Maureen Miller, Francisco Huneus e Adriana Sculk. Formação em Facilitação de Grupos na Abordagem Centrada na Pessoa com Carl Rogers e staff do Center for Studies of the Person. Membro fundador e vice-presidente da primeira diretoria da Associação Brasileira de Gestalt-terapia e atual presidenta. Membro do Colégio Internacional de Terapeutas.
Fez parte do primeiro grupo de Gestalt-terapeutas do Brasil, na década de setenta, tendo implantado a abordagem em vários estados, sendo uma das principais responsáveis pela chegada e difusão da Gestalt-terapia no Nordeste do Brasil. Foi fundadora e vice-presidente do Instituto de Gestalt-terapia do Nordeste. É criadora da metodologia “Reconfiguração do Campo Familiar: um enfoque transgeracional em Gestalt-terapia”. Desenvolveu uma metodologia sobre o uso da caixa de areia como proposta de experimento em Gestalt-terapia. Desenvolve um trabalho muito particular sobre o manejo e compreensão do trauma a partir da Gestalt-terapia, se tornando a principal referência dentro da abordagem, além de ser autora de capítulos em vários livros da abordagem sobre o tema. Criadora e coordenadora da primeira formação no Brasil sobre o trabalho com situações traumáticas individuais e coletivas sob o enfoque da Gestalt-terapia.